Os regimes totalitários na Europa (Fascismo e Nazismo)
Estamos estudando, durante diversas aulas, que após a Primeira Guerra Mundial, os países da Europa foram extremamente afetados. Vimos que o desemprego era muito alto, a falta de alimentos, a miséria, a pobreza, a inflação (aumento excessivo e descontrolado dos preços)... todas essas coisas deixavam a população insatisfeita.
Essas condições ruins para a economia e que afetavam toda a sociedade teve consequências políticas principalmente em dois países: Itália e Alemanha.
Na Itália, após a Primeira Guerra Mundial, a situação era a seguinte: a inflação (aumento dos preços) contribuiu para eliminar um grande número de médias e pequenas empresas e para aumentar o desemprego. A sociedade italiana enfrentava também o drama das perdas humanas na guerra: 500 mil mortos e 400 mil feridos. Além disso, os italianos se sentiam traídos pelos países da Tríplice Entente por não terem recebido os territórios prometidos em troca do apoio da Itália aos países da Entente durante a Guerra.
Além disso, piorou a situação da Itália a Crise de 1929 nos Estados Unidos. Lembremos que essa crise interferiu na economia de todos os países capitalistas, inclusive a Itália.
Conforme a Itália vivia essa situação angustiante, muitos grupos começaram a questionar quais as soluções definitivas para os problemas; o que fazer para que a nação italiana voltasse a brilhar de novo no mundo e deixasse de lado a crise na economia... O clima de frustração e desorganização social e econômica permitiu que movimentos antiliberais e antidemocráticos se desenvolvessem (em outras palavras, surgiram movimentos políticos que eram contra a liberdade econômica, por isso antiliberais, que diziam que o governo deveria controlar todas as práticas econômicas e tirar a liberdade da economia; e movimentos contra, também, a democracia, por isso antidemocráticos, que diziam que o povo deveria perder sua liberdade de expressão e decisão, pois a liberdade da população não estava dando conta de resolver os problemas da sociedade).
Surgem os MOVIMENTOS TOTALITÁRIOS na Itália e na Alemanha, que propunham uma nova maneira de conduzir o capitalismo e resolver as questões sociais, políticas e econômicas. Na Itália, o governo totalitário é o FASCISMO e na Alemanha é o NAZISMO (ou também chamado de FASCISMO ALEMÃO).
TOTALITARISMO: Os governos totalitários manifestam a sua autoridade acima de tudo, ou seja, são autoritários. São chamados de totalitários porque pretendem controlar tudo, a totalidade das coisas, com muita força e com poder absoluto. São governos conservadores, pois querem manter a ordem com pulso firme, não permitindo contestações ao poder vigente. São governos ultranacionalistas, ou seja, extremamente nacionalistas, que defendem o seu país, a sua pátria com muita honra e orgulho, como sendo a melhor nação de todas. Num governo totalitário, só pode haver 1 partido político e 1 líder. Não é admitida a existência de outras correntes políticas. O cidadão deve obedecer totalmente às normas do Estado (governo), anulando seus desejos individuais, pois o que importa não é o interesse de cada um na sociedade, mas sim o interesse do grupo, o coletivo. O líder deve ser forte e carismático, para atrair a atenção do povo e para mostrar que a nação precisa dele para ser guiada. Por isso, o líder usa da propaganda (por meio do rádio, de cartazes, de jornais, da música, do cinema etc.) para espalhar suas ideias. Mas, se for preciso, para manter a ordem o líder usa também da força e da violência. Qual é a desculpa utilizada para isso? A de que o líder deve fazer o que for preciso para proteger o seu país e desenvolver sua economia. O líder deve defender os interesses do seu governo para o progresso nacional. A defesa da Itália (para torná-la a maior nação do mundo), no caso do Fascismo, e a defesa da Alemanha (para torná-la a maior nação do mundo), no caso do Nazismo.
Os governos totalitários eram contra o SOCIALISMO e contra quaisquer outras manifestações de esquerda (movimentos que se opunham ao governo estabelecido no momento). Defendiam o Capitalismo, mas uma outra forma dele; queriam um capitalismo antiliberal (a favor da intervenção do Estado na economia) e antidemocrático (a favor de uma DITADURA, que obrigava a população a fazer só o que o governo mandasse!). Defendiam a CENTRALIZAÇÃO dos poderes políticos (poderes concentrados nas mãos de um único governante, que representa o Estado, de forma autoritária, com abuso do poder e uso de medidas violentas).
A Marcha dos fascistas sobre Roma
Os fascistas tinham como líder BENITO MUSSOLINI. Eles conseguiram o apoio da burguesia italiana (os ricos capitalistas italianos), com promessas de que iriam melhorar e desenvolver o Capitalismo na Itália e de que trariam a ordem para o país.
Em 1922, após enfrentar movimentos trabalhistas ligados ao Socialismo, os fascistas realizaram a Marcha sobre Roma: milhares de pessoas vindas de várias partes da Itália invadiram a capital, Roma, para exigir que o poder fosse entregue a líder do Fascismo, Mussolini (chamado de Duce, que significa chefe em italiano). Pressionado, o rei da Itália, Vitor Emanuel III, foi obrigado a nomear Benito Mussolini para o cargo de primeiro-ministro, o chefe do governo italiano.
O governo de Mussolini
No poder, Mussolini implantou uma ditadura brutal: acabou com todos os partidos políticos de oposição, fechou jornais, mandou prender centenas de jornalistas, criou uma polícia secreta, que vigiava, prendia e assassinava os adversários. Além disso, todos os sindicatos (grupos de organização dos trabalhadores) passaram a ser controlados diretamente pelo Estado (governo), o que permitia o controle das greves e das manifestações de oposição.
Mas, não foi somente através da violência que Mussolini se manteve no poder por vinte longos anos. Ele conquistou corações e mentes: muita gente acreditou que estaria ajudando a construir o "novo homem, a nova sociedade".
O governo de Mussolini usou intensamente a educação para divulgar suas ideias. As escolas da Itália fascista ensinavam, além das matérias habituais, temas como a vida de Mussolini e suas "grandes" realizações. Para aprender a ler, as crianças eram obrigadas a copiar dezenas de vezes lemas fascistas, como: "Melhor viver um dia como leão que cem anos como cordeiro". Toda criança entre 8 e 14 anos tinha de decorar uma oração que, em vez de dizer "Creio em Deus", dizia: "Creio no gênio de Mussolini". Os professores que se negavam a ensinar tais coisas eram perseguidos e demitidos de seus cargos.
O Fascismo usou ainda o cinema e o rádio para converter as pessoas aos seus ideais. Através do rádio, o Duce (assim era chamado Mussolini) "falava de perto" aos italianos; já o cinema era usado para fabricar e divulgar imagens que mostravam uma Itália sem fome, sem conflitos e com uma população satisfeita, saudável e voltada para o esporte, sob o governo de Benito Mussolini.
Além disso, uma das marcas do Fascismo era promover grandes mobilizações populares (encontros de milhares de pessoas em estádios enormes) para exaltar seu líder, que discursava por muito tempo às pessoas, para convencê-las de que "o seu governo era muito bom".
O Nazismo (ou "Fascismo alemão")
Assim como na Itália, a Alemanha também ficou bastante destruída após a Primeira Guerra Mundial. Na verdade, para a Alemanha a situação era muito pior, pois, lembremos que esse país foi considerado o grande culpado pela Guerra e teve que assinar o Tratado de Versalhes, documento que humilhava a Alemanha e a obrigava a pagar pesadas indenizações aos outros países com que lutou. Após a assinatura do Tratado, a vida dos alemães foi marcada por altos índices de desemprego, inflação e falências de empresas, indústrias e da agricultura, além das muitas dívidas que a Alemanha teve que fazer para arcar com os custos da crise. Com o aumento da crise econômica, crescia a insatisfação popular.
Assim, surgiram, na Alemanha, movimentos políticos que pretendiam tomar o poder e acabar com os problemas econômicos. Em 1919, foi fundado o PARTIDO NACIONAL SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES, ou PARTIDO NAZISTA, liderado por um ex-combatente da Primeira Guerra, Adolf Hitler. Apesar de ter no nome a palavra "SOCIALISTA", esse partido nada tinha de socialista! Era, na verdade, capitalista e totalmente contrário às ideias socialistas! Era autoritário, antidemocrático, de tendência conservadora e nacionalista.
Para os nazistas, o governo deveria ser contra a democracia e contra a liberdade da economia (ou seja, para o Nazismo, os homens não deveriam ter seus direitos e liberdade de expressão, e a economia deveria ser controlada totalmente pelo Estado). Segundo os nazistas, a divisão da sociedade em partidos políticos e em instituições livres atrasavam o desenvolvimento do país. Era necessário uma DITADURA, um GOVERNO ou ESTADO forte, autoritário, violento quando necessário, que CONTROLASSE TODA A SOCIEDADE, ou seja, uma forma de governo TOTALITÁRIA! Isso ajudaria a Alemanha a se desenvolver e recuperar os territórios perdidos após a Primeira Guerra Mundial, com a assinatura do Tratado de Versalhes. Agora seria a ocasião de os alemães mostrarem a que vieram, de mostrarem a sua força para o mundo, o poder do seu país, liderado por Hitler (o chefe, chamado de Führer, em alemão).
Em 1923, os nazistas tentaram promover um golpe militar para conquistar o poder. Mas o golpe fracassou e Hitler foi condenado à prisão, onde ficou por oito meses. Enquanto esteve preso, escreveu a primeira parte do livro Mein Kampf (Minha luta). Nesse livro, Hitler escreveu sobre as principais ideias do Nazismo: a oposição ao socialismo e ao liberalismo econômico, e o seu desejo de controlar o povo alemão.
As duas características mais importantes da doutrina nazista eram:
1- O antissemitismo: sentimento de repugnância ou ódio em relação aos judeus (também chamados de semitas). Hitler acusava os judeus de serem responsáveis pela decadência dos alemães. Os judeus eram considerados uma raça inferior que deveria ser exterminada para que a pureza racial alemã fosse preservada.
2- A Doutrina do espaço vital: Ideia defendida pelos nazistas segundo a qual a Alemanha necessitava de mais territórios para realizar seu sonho de grandeza. Para Adolf Hitler, os alemães precisavam conquistar territórios de outras nações, a fim de se realizar plenamente. Precisam de espaço suficiente (ou seja, um "espaço vital") para seu crescimento, para sua expansão no mundo.
Além disso, para os nazistas, os alemães eram uma raça superior a todas as outras, ou seja, eram uma RAÇA PURA, chamada de "raça ariana". Essa raça pura, ou "raça ariana", era composta apenas de alemães "puros" de nascença, sendo excluídos dela os judeus, homossexuais, ciganos, pessoas deficientes e os Estudantes da Bíblia (Testemunhas de Jeová).
Quanto ao sistema educacional, Hitler afirmava em seu livro Mein Kampf que: "O povo alemão, hoje destruído, morrendo, entregue, sem defesa, aos pontapés do resto do mundo, tem absoluta necessidade da força que a confiança em si proporciona. Todo sistema educacional deve ter como objetivo dar às crianças de nosso povo a certeza de que são absolutamente superiores aos outros povos".
A chegada dos nazistas ao poder
A situação econômica alemã piorou com a quebra da Bolsa de Nova York. A classe média e a burguesia, temendo o crescimento dos movimentos socialistas, apoiaram o Partido Nazista de Adolf Hitler. Nas eleições de 1932, os nazistas conseguiram eleger para o Parlamento grande número de representantes (38% dos deputados). Em 1933, o apoio aos nazistas aumentou ainda mais e Hitler conseguiu chegar ao governo, tornando-se o primeiro-ministro da Alemanha. No poder, os nazistas colocaram fim às liberdades individuais e políticas. Uma das primeiras medidas tomadas foi fechar o Parlamento alemão (o Parlamento era o órgão do governo formado por ministros e pelo presidente, que liderava a Alemanha antes de Hitler chegar ao poder). Hitler passou a controlar os movimentos dos grupos de trabalhadores (sindicatos) e conduziu a economia alemã com o objetivo de reconquistar os territórios perdidos na Primeira Guerra, além de obter mais territórios para a expansão da Grande Alemanha.
Os nazistas no poder
No poder, Adolf Hitler (o chefe, Führer) implantou uma das mais cruéis ditaduras da história da humanidade. Os nazistas queimavam livros, demitiam os defensores da democracia e do comunismo de seus empregos e perseguiam duramente os judeus, comunistas (socialistas), homossexuais, ciganos, pessoas com deficiência, Estudantes da Bíblia (Testemunhas de Jeová), dentre outros. As pessoas que pertenciam a esses grupos eram espancadas, assassinadas, perseguidas.
O governo passou a controlar severamente a Educação escolar, obrigando os professores a aprender e a ensinar os princípios nazistas e a jurar fidelidade a Hitler. A propaganda nazista era conduzida por Joseph Goebbels, ministro da Educação do Povo e da Propaganda, que controlava as instituições e os meios de comunicação e tinha o seguinte lema: "Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade".
A polícia política do Estado era conhecida como Gestapo e destacou-se pelo uso da violência contra os adversários políticos. Seus membros tinham poderes para prender e executar os suspeitos de deslealdade ao governo nazista.
Além do controle político, o governo nazista também passou a controlar as artes, a música, a literatura e até mesmo a pesquisa científica. O Nazismo usava a propaganda, a música, o cinema, o rádio, as construções arquitetônicas etc., para divulgar suas ideias e controlar melhor o povo, com o objetivo de amansá-lo e domesticá-lo.
No campo econômico, o governo nazista desenvolveu as indústrias de base (ferro, aço, máquinas), investiu em obras públicas e estimulou as fábricas de armas, diminuindo, com isso, o desemprego. Em 1938, Hitler substituiu vários comandantes militares e assumiu o comando das Forças Armadas. Ele já não escondia suas intenções: era claro que Hitler preparava a Alemanha para uma nova guerra mundial!
Ao chegarem ao poder, os nazistas criaram também os CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO, prisões especiais que serviam como locais de trabalho escravo e como campos de extermínio em massa, para onde eram enviadas as pessoas que eram consideradas uma ameaça aos propósitos do governo nazista.
Como vimos, portanto, alguns campos de concentração eram lugares para o trabalho escravo, onde os prisioneiros morriam em grande número, em decorrência das condições desumanas às quais eram submetidos, além do trabalho forçado, alimentação insuficiente, violência e tortura. Outros campos de concentração foram planejados como lugares de extermínio de milhões de pessoas, principalmente de judeus, exibindo verdadeiras máquinas de morte.
Um dos maiores e mais terríveis foi o Campo de Auschwitz, construído na Polônia, que havia sido invadida e ocupada pelos alemães. No total, morreram em Auschwitz cerca de 1,5 milhão de pessoas, a maioria judeus.
O símbolo da suástica, antigo símbolo que foi apropriado pelos nazistas para representar o Partido.
Adolf Hitler,o Führer, líder do governo nazista.
Extermínio nazista. Milhões são perseguidos e mortos pelo governo de Hitler.
Benito Mussolini, o Duce, reúne o povo para exaltar o seu poder e o seu governo fascista.
Mussolini desejava guiar toda a Itália ao progresso, com o objetivo de mostrar que a nação italiana era a maior nação de todas. O Fascismo seria a saída da Itália para a crise econômica em que se encontrava após a Primeira Guerra Mundial.
Atividades de Reflexão
01. Após a leitura do texto acima, escolha 5 palavras-chave que, na sua opinião, sejam essenciais para o entendimento do conteúdo estudado. Depois, escreva o significado de cada uma das palavras que você escolheu.
02. Agora, você deverá resumir o texto lido. Mas o seu resumo será feito da seguinte maneira: você deverá criar 6 frases que possam fazer a síntese das ideias. Não é para copiar do texto essas frases. Você deve criá-las de acordo com o seu entendimento.
03. Nós sabemos que, por meio de imagens, fica mais fácil entender a história. Por isso, você deverá procurar (na Internet ou em revistas e jornais) 6 figuras sobre o Totalitarismo (3 sobre o Fascismo e 3 sobre o Nazismo). Recorte e cole essas imagens, escrevendo, para cada uma delas, uma legenda explicativa, ou seja, uma descrição que explique a imagem que você escolheu.
OBS.: Não vale usar as mesmas figuras postadas acima nesta Lição do Blog!
04. Explique a frase: "Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado". Relacione-a ao líder fascista Benito Mussolini e ao líder nazista, Adolf Hitler.
05. Geralmente dois países são citados como exemplos de regimes totalitários. Que países são esses e quais foram as condições gerais que possibilitaram, de certa forma, o desenvolvimento do totalitarismo nesses países?
06. Quais eram as condições econômicas e sociais da Alemanha após sua derrota na Primeira Guerra Mundial? Como essas condições possibilitaram o desenvolvimento do regime nazista alemão?
07. Baseado na compreensão do período histórico do Nazismo e do Fascismo na Europa, explique as seguintes frases:
I. "o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães nada tinha de socialista";
II. "Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade".
08. Explique o papel da propaganda para os governos totalitários na Itália e na Alemanha.
09. Explique com suas palavras o que foi o antissemitismo, a Doutrina do espaço vital e o conceito de raça ariana.
10. Explique como agia, na prática, o governo de Hitler, para manter a ordem do país.
11. O que foram e para que serviram os campos de concentração nazistas?
12. Após todos esses estudos, você consegue definir o significado da palavra TOTALITARISMO? Explique o seu significado e diga: qual a sua opinião sobre a ação dos governos totalitários do período Entre-Guerras (Nazismo e Fascismo)? Escreva um pequeno texto sobre esses questionamentos.
Sites e Material de Apoio aos Estudos:
http://www.dialetico.com/textos_sala_aula/8_16_nazismo_fascismo.pdf
-- Páginas 28, 29, 42 e 43 do Livro Didático.
Sites e Material de Apoio aos Estudos:
http://www.dialetico.com/textos_sala_aula/8_16_nazismo_fascismo.pdf
-- Páginas 28, 29, 42 e 43 do Livro Didático.